O manejo integrado de pragas (MIP) é uma estratégia que visa reduzir os danos causados por insetos e outros organismos que atacam as plantações florestais, utilizando métodos ecológicos, econômicos e sociais. O MIP se baseia no conhecimento das relações entre o hospedeiro, a praga e o ambiente, e na aplicação de medidas preventivas, culturais, biológicas, genéticas e químicas, de forma racional e compatível.
O setor florestal brasileiro se destaca em escala mundial em função das altas produtividades obtidas e das tecnologias produtivas empregadas. No entanto, o aumento da área de plantio com monocultivos extensivos, o uso de materiais genéticos com base restrita e a destruição das florestas naturais favorecem o surgimento e a proliferação de pragas que podem comprometer a qualidade e a quantidade da produção. Entre as principais pragas florestais estão as formigas cortadeiras, a broca-da-erva-mate, o percevejo-bronzeado e a vespa-da-madeira.
Para combater essas pragas, o MIP propõe uma abordagem integrada que envolve as seguintes etapas:
- Monitoramento: consiste na observação sistemática e periódica das populações de pragas e seus inimigos naturais, bem como dos danos causados às plantas. O monitoramento permite identificar as espécies de pragas presentes, sua distribuição espacial e temporal, sua densidade populacional e seu potencial de dano.
- Nível de dano econômico: é o ponto em que o custo do controle da praga é igual ao valor da perda causada por ela. O nível de dano econômico varia de acordo com a espécie da praga, a espécie da planta hospedeira, as condições ambientais e o mercado. O controle da praga só deve ser realizado quando seu nível populacional ultrapassa o nível de dano econômico.
- Métodos de controle: são as técnicas utilizadas para reduzir ou eliminar as populações de pragas abaixo do nível de dano econômico. Os métodos de controle podem ser classificados em:
Preventivos: visam evitar ou dificultar a entrada ou a disseminação das pragas nas áreas florestais. Exemplos: quarentena, certificação fitossanitária, rotação de culturas, diversificação de espécies, uso de mudas sadias, etc.
Culturais: visam alterar as condições do ambiente para torná-lo menos favorável às pragas. Exemplos: poda, desbaste, capina, irrigação, adubação, etc.
Biológicos: visam utilizar organismos vivos que se alimentam ou parasitam as pragas, reduzindo sua população. Exemplos: predadores, parasitoides, patógenos, etc.
Genéticos: visam utilizar plantas resistentes ou tolerantes às pragas, reduzindo os danos causados por elas. Exemplos: seleção artificial, hibridação, transgenia, etc.
Químicos: visam utilizar substâncias tóxicas que matam ou repelem as pragas. Exemplos: inseticidas, fungicidas, herbicidas, etc.
O MIP busca utilizar os métodos de controle de forma integrada e seletiva, priorizando aqueles que são mais eficientes, econômicos e ambientalmente seguros. O uso indiscriminado e excessivo de produtos químicos pode causar problemas como resistência das pragas, ressurgência das populações, eliminação dos inimigos naturais, contaminação do solo, da água e dos alimentos, intoxicação dos trabalhadores e dos consumidores.
O MIP é uma ferramenta fundamental para a sustentabilidade do setor florestal brasileiro, pois contribui para a conservação dos recursos naturais, a proteção da saúde humana e animal e a melhoria da qualidade e da competitividade dos produtos florestais.
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